ATA DA TRIGÉSIMA NONA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 25-11-1999.

 


Aos vinte e cinco dias do mês de novembro do ano de mil novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezenove horas e trinta minutos, constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a entregar o Prêmio Literário "Érico Veríssimo" à Jornalista Martha Mattos de Medeiros, nos termos do Projeto de Resolução nº 51/99 (Processo nº 2924/99), de autoria do Vereador Nereu D'Ávila. Compuseram a MESA: os Vereadores Nereu D'Ávila, João Carlos Nedel e Sônia Santos, presidindo os trabalhos; a Senhora Denise Paulsen, Diretora da Biblioteca Pública, representando o Senhor Governador do Estado do Rio Grande do Sul; o Senhor Telmo Kruse, representando o Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre; a Senhora Martha Mattos de Medeiros, Homenageada. Ainda, como extensão da Mesa, foram registradas as presenças dos Senhores José Bernardo Medeiros, Isabel Mattos de Medeiros, Fernando Medeiros e Luís Telmo Ramos, familiares da Homenageada. A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem à execução do Hino Nacional e, em continuidade, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Nereu D'Ávila, em nome das Bancadas do PDT, PT, PSDB, PMDB, PSB e PPS, analisando a multiplicidade de opiniões encontrada entre os Vereadores deste Legislativo, atentou para a unanimidade observada na aprovação do Projeto de Resolução que concedeu o prêmio hoje entregue, afirmando ser ele o reconhecimento dos porto-alegrenses ao trabalho literário e jornalístico realizado pela Senhora Martha Mattos de Medeiros. A Vereadora Sônia Santos, em nome da Bancada do PTB, discorrendo sobre as mudanças verificadas no papel feminino dentro da sociedade, declarou que tal ocorreu porque houve pessoas como Martha Mattos de Medeiros, que "fizeram com que essas mudanças não se limitassem simplesmente à passagem do tempo no relógio, mas que ocorressem na vida e no comportamento de todos". O Vereador João Carlos Nedel, em nome da Bancada do PPB, saudou a Homenageada, declarando a justeza do prêmio hoje entregue e registrando que "a imprensa gaúcha tem sido generosamente beneficiada pela presença de nomes excepcionais, que a tem elevado até o mais alto patamar de qualidade no País, inclusive com reconhecimento internacional". Após, a Senhora Sônia Pacheco D'Ávila procedeu à entrega de flores à Homenageada e o Vereador Nereu D'Ávila procedeu à entrega do Prêmio Literário "Érico Veríssimo" à Jornalista Martha Mattos de Medeiros. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra à Jornalista Martha Mattos de Medeiros, que agradeceu o prêmio recebido. A seguir, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem à execução do Hino  Rio-Grandense,  agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às vinte horas e vinte e cinco minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Nereu D'Ávila, João Carlos Nedel e Sônia Santos e secretariados pelos Vereadores João Carlos Nedel e Sônia Santos, Secretários "ad hoc". Do que eu, João Carlos Nedel, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada a entregar o Prêmio Literário Érico Veríssimo à Jornalista Martha Mattos de Medeiros.

Foi uma proposição deste Presidente, como prêmio pelo destaque literário que Martha, há bastante tempo, vem oferecendo à sociedade gaúcha e brasileira.

Convidamos para compor a Mesa a Sra. Denise Paulsen - Diretora da Biblioteca Pública, representando o Senhor Governador do Estado do Rio Grande do Sul; Sra. Martha Mattos de Medeiros, homenageada e Dr. Telmo Kruse, representante do Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre.

Convidamos todos os presentes para, de pé, ouvirmos o Hino Nacional.

 

(Executa-se o Hino Nacional.)

 

Registramos a presença dos pais, irmão, esposo, tia e amigos da nossa homenageada, que vieram prestigiar este ato.

Quando tivemos a idéia deste prêmio, não contávamos que era a Martha quem mais venderia livros na Feira do Livro. A nossa homenageada pensava até ser muito cedo para receber este prêmio. Ela já tinha livros publicados, inclusive livros de poesias, mas o “Trem Bala” foi o que embalou, não é Martha?

Solicito que a Vera. Sônia Santos presida a Sessão, pois, como proponente, usarei a tribuna.

 

A SRA. PRESIDENTA (Sônia Santos):  O Ver. Nereu D’Ávila está com a palavra e falará também em nome das Bancadas do PDT, PT, PSDB, PMDB, PSB e PPS.

 

O SR. NEREU D’ÁVILA: Exma. Vera. Sônia Santos, que preside os trabalhos desta Sessão Solene; ilustre representante do Sr. Governador do Estado, Sra. Denise Paulsen, Diretora da Biblioteca Pública; nossa homenageada Martha Medeiros; representante do  Conselho de Cidadãos Honorários de Porto Alegre, Dr. Telmo Kruse. Já foram nominados os parentes imediatos da Martha. Quero saudar, agora, as demais pessoas que, com sua presença, nos honram nesta tarde/noite em que realizamos esta Sessão Solene. Quero dizer que esta Casa é multifacetada, pelos seus trinta e três Vereadores, pelas suas nove Bancadas, que representam o conjunto da comunidade porto-alegrense. Se há uma crise social e econômica, pelo menos estamos vivendo numa plenitude democrática.

Ao dizer isso, parece que faz parte, apenas, da retórica do discurso, mas não. Lutamos, e aqui está, por exemplo, o Índio Vargas com a Marlene. O Índio também tem um livro que foi best-seller, não com a ironia e graça da Martha, mas que retrata momentos de chumbo do País. Por isso que digo, graças a Deus, hoje, vivemos uma plenitude democrática. E o Índio, que esteve encarcerado na Ilha do Presídio, retratou com muita fidelidade aqueles anos que o Brasil, na minha concepção, jamais voltará a viver. Consolidamos uma democracia e nela estamos inseridos.

Dizia que dentro dessa democracia, que é valorizada no País, os Vereadores, todos os trinta e três, eleitos pelo povo de Porto Alegre, cada um tem a sua visão de mundo, concepções doutrinárias, filosóficas, políticas, etc., o  que também fortalece a posição desta Casa nesse caleidoscópio de forças políticas aqui representadas. E dentro dessa concepção, creio que  todos que estão aqui concordam que, resguardadas essas diferenças, neste momento, todos somos co-partícipes da mesma idéia: essa homenagem se impunha porque a sua verve literária está consubstanciada numa coluna de leitura obrigatória aos domingos, no Caderno Donna, de Zero Hora. Todos nós concordamos que nessa parte temos bom gosto porque todos somos admiradores daquilo que  ela escreve. Assisti a  uma entrevista sua na televisão e, naquela oportunidade, ela disse que havia sido uma publicitária durante treze anos. Quando seu marido foi transferido para Santiago do Chile, ela teve que  acompanhá-lo. Ficando na ociosidade, aprofundou-se na literatura. Um jornalista, que é seu amigo, examinado o trabalho, resolveu levá-lo adiante, e deu no que deu: foi acolhida por um dos maiores jornais do Rio Grande do Sul,  Zero Hora, e acabou se  tornando uma grande escritora. Se não fosse essa viagem ao Chile não teríamos a consagração da Martha, agora, na 45ª Feira do Livro! São aqueles caminhos do destino.

Hoje, ela estava nervosa, pois não está acostumada a esse tipo de solenidade, mas aqui somente há pessoas amigas, fãs, admiradores do seu trabalho. Queremos que esses momentos sejam de  rutilância no seu currículo, na sua vida, porque a  proposta de concedermos esse prêmio, que é, talvez, um dos mais importantes dessa área, sem dúvida o mais importante, teve a acolhida dos outros trinta e dois Vereadores, de forma unânime.

Esse livro, que foi o mais vendido na área de ficção - Trem-Bala - é uma coletânea de artigos, de opiniões da Martha. E entre essas maravilhosas crônicas do Trem-Bala, há uma, escrita em outubro do ano passado, na qual a Martha manifesta o que gostaria de fazer neste ano de 1999. Então, ali estão diversas propostas como dizer sempre não a brigas; mudar as flores, diariamente, em seu apartamento; tecer um tapete e diversas outras coisas  carregadas de sensibilidade. Mas ali, como de resto, em muitas e muitas outras crônicas, pode-se ver a profundeza da sensibilidade, a profundeza da mensagem, que é algo que atinge até os escaninhos da nossa alma, porque nos toca, e até com um estilo descontraído que, às vezes, nos faz rir, concordar e até discordar. Mas, citando, inclusive, Frank Sinatra, e uma das músicas mais lindas que se tem notícia, que é My Way, ela traduz a letra de My Way, que é a história de um cidadão que andava pelas estradas da vida, que construiu amor, que viveu, que passou fome, que passou frio, como diz a tradução dessa letra, ao seu jeito: I did it my way, diz um dos versos dessa maravilhosa música. Então, ela desdobra a crônica, dizendo que “existem coisas que a todos nós são comuns, por exemplo, o desconforto do frio, o desconforto da fome, mas que nós nos diferenciamos, e, aí, tem a nossa marca pessoal, nos pequenos deleites, nos pequenos vícios ou nas pequenas atitudes que caracterizam, que individualizam a pessoa.” São nessas circunstâncias que cada um tem a sua própria conformação. Concordando com a música, cada um de nós faz, ao seu jeito, a sua circunstância, a sua marca pessoal, a sua personalidade.

Entre essas coisas que eu citei e que ela faria em 99, ela diz: “Escrever um livro”. Só que, em outubro do ano passado, ela não sonhava que, um ano depois, esse livro seria um best seller, seria a consagração merecida. Martha, eu tenho certeza de que, quando aquela crônica foi escrita, em outubro de 98,  o destino te reservava mais essa.

O destino, às vezes, é cruel conosco. Temos de nos adaptar a essas circunstâncias, conviver com as agruras e com as benesses que o destino nos concede. Essa é a nossa missão.

Eu já referi, em diversas solenidades, com grande alcance de pessoas, que me encantei com outra crônica do jornal de domingo, que despertou a minha sensibilidade. Essa crônica chama-se O Ponto G, onde ela fala sobre os homens. E nós, gaúchos, temos essa questão do machismo que, na minha visão, às vezes, se alia até com a violência, e essa mensagem maravilhosa da Martha, através dessa crônica, vai num contraponto a esse tipo de cultura. Nós, que adquirimos mais cultura, que temos mais oportunidades de aprofundar a leitura - e falo, agora, com os homens e como homem -, vamos doutrinando para arrefecer essa cultura, porque vemos que não leva a nada, esse machismo não leva a coisa nenhuma. E mais, vamos desmistificando aquilo que os cientistas já haviam descoberto e ensinado que nós, homens, também temos genes femininos, assim como as mulheres também têm os genes masculinos. Nós, homens, temos uma agressividade atávica que faz parte do nosso ser. Penso que a mensagem que tem que ficar é esta: nós temos que combater esse tipo de circunstância e propender, estimular o lado feminino - aí, não há nada a ver com o machismo inconseqüente -, porque no lado feminino, acentuadamente, está a sensibilidade. Ela dizia, nessa magnifica crônica O Ponto G, que as mulheres não se preocupassem em encontrar o ponto “G” porque ele estava nos ouvidos, que os homens deveriam dizer para as mulheres o que elas gostam de ouvir: frases de amor, frases de elogio, aquilo que todas as mulheres, em todas as idades, gostam de ouvir. Nós, homens, temos que ter essa sensibilidade com as nossas companheiras, com as nossas esposas, com os nossos afetos do sexo feminino, que nos ensinam muito na questão da sensibilidade. Essa crônica, muito mais que ser algo comum, ou biológico, também teve algo muito forte no campo da Psicologia - e o que externei aqui é meu ponto de vista pessoal, que combate o machismo e, por conseqüência, a própria violência que hoje é institucionalizada e que todos temos que combater em qualquer campo.

Por toda essa sensibilidade que, em uma crônica só, faz um discurso, Martha, imaginem uma coletânea de crônicas magníficas que  proporcionas a nós todos!

Por isso tudo, esta Casa te concede, nesta tarde/noite, em nome da comunidade de Porto Alegre, o Prêmio Literário Érico Veríssimo.

Quero dizer, também, que no campo literário temos que distinguir aquilo que tem profundidade daquilo que representa apenas um cotidiano da cidade como, por exemplo, o GRENAL que vai acontecer hoje em Porto Alegre.

Creio que a genialidade dos cronistas está naquilo que atinge a alma da pessoa, que trespassar o seu íntimo, alcança mais dentro e revolve os sentimentos, trazendo o prazer com a leitura. Essa influência é magnífica e é por isso que a Martha Medeiros não é apenas mais uma jornalista consagrada ou uma publicitária ou uma cronista emérita. Não. Hoje ela é uma condutora de opiniões. Ela faz e desperta paixões, e isso é impressionantemente bom e agradável. Por isso, Martha, a nossa homenagem.

Eu me sinto muito à vontade, porque até bem pouco tempo eu não conhecia a Martha, pessoalmente. Fui conhecê-la quando ela me privilegiou, gentilmente, com sua presença, no meu aniversário, no dia 27 de outubro. Eu ligava para ela para dizer que eu tinha gostado da crônica e até parei de ligar, porque ela poderia pensar em quem seria aquele louco Vereador que ligava para ela. Eu consegui o seu telefone com uma amiga dela da publicidade e liguei para dar a minha opinião pessoal, tal a força das suas crônicas. Volta e meia - não muito, para não ser impertinente -, eu deixava passar alguns meses e voltava a ligar e a comentar as crônicas. Eu sentia que ela era uma pessoa que não recebia aquilo como vaidade e que ela ficava alegre, no sentido de simplicidade e de acolhida, o que muito me sensibilizou.

Após dois anos, seguramente, é que fui conhecê-la pessoalmente, agora em 27 de outubro, apesar de já conhecê-la por foto. Por isso, me senti muito à vontade porque não há nada de pessoal nessa situação. Foi o que eu acabei de tentar aqui, desalinhavadamente, explicar o porquê da homenagem, para dizer que ela teve essa grande e maravilhosa influência,  sobre uma pessoa que não a conhecia pessoalmente. Acho que isso valoriza, pois não tem a cumplicidade de  ter uma amizade antiga, de ser ligada à família - tão simpática, que hoje comparece aqui -, não, absolutamente, foi rigorosamente pela força dos argumentos, que nem são argumentos, são, verdadeiramente, magistrais crônicas que a Martha produz.

Portanto, que seja este Prêmio, o estímulo, Martha, para que continues nos concedendo essa maravilha de podermo-nos encontrar contigo através das tuas produções, através do teu pensamento, da tua argúcia, enfim, de tudo aquilo que tanto tem-nos maravilhado. Que continues conosco, por muito tempo, produzindo, para nosso deleite e orgulho de termos essa gaúcha em nosso meio.

Parabéns para ti e para a tua família também. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): A Vera. Sônia Santos está com a palavra, pela Bancada do PTB.

 

A SRA. SÔNIA SANTOS: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Há algum tempo chegou às minhas mãos um texto em que o autor contava que, dos dezesseis irmãos de Benjamin Franklin, Jane era aquela que se parecia muito com ele, na sua força, na sua determinação e na sua garra. Quando ele partiu para ganhar o mundo ela se casou com um seleiro pobre, que a aceitou sem dote. Dez meses depois ela deu a luz ao primeiro filho, de uma série de filhos que ela teria ao longo de um quarto de século, um a cada dois anos. Alguns desses filhos morreram, o que lhe trouxe uma dor profunda no peito. Os que viveram exigiram dela atenção, carinho, cuidado, alimentação, educação.

Essa mulher lavou montanhas de roupa, cozinhou toneladas de comida, passou infindáveis noites acordada, ninando seus filhos, cuidando dos que estavam doentes. Foi uma esposa devota, uma viúva abnegada. Cuidou mais tarde de seus pais, já velhos, das filhas solteiras, dos netos desamparados. Ela nunca se deixou levar num barco, como fazia Benjamin Franklin, já com sua avançada idade. Benjamin Franklin foi um amante fervoroso; Jane não conheceu nada do sexo, além de filhos. Ele foi o pai de uma nação de inventores, um homem de todos os tempos; ela foi uma mulher de seu tempo, igual a tantas outras mulheres ao longo dos tempos. O autor conclui que nenhum historiador se preocupou em registrar a sua história.

Hoje, vivemos outros tempos. Tudo mudou, e isso aconteceu porque houve pessoas que fizeram com que essas mudanças não se limitassem simplesmente à passagem do tempo no relógio, mas que ocorressem na vida e no comportamento de todos. Aconteceram porque existem pessoas como Martha Medeiros, que fazem com que todos nós, homens e mulheres, olhemos com outros olhos a nossa própria vida. A vida da qual fazem parte.

Martha, tu tens o teu nome escrito na história, e já há muitas pessoas que querem contá-la. Esta Casa, nesta noite, se sente honrada de poder, nesta homenagem, neste momento, expressar um pouco do sentimento de gratidão, de reconhecimento de todos aqueles que amam a tua alma desnudada no teu texto.

Thiago de Mello diz com muita sabedoria que “o ofício de escrever, sem tirar nem pôr, é o mesmo que o ofício de viver, quero dizer, de amar”. Muito obrigada, Martha, pela tua vida, pelo teu amor. Muito abrigada pelas tuas palavras. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra, pela Bancada do PPB.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) A imprensa porto-alegrense e gaúcha tem sido generosamente beneficiada pela presença de nomes excepcionais, pratas da casa, que a têm elevado até o mais alto patamar de qualidade no País, inclusive com reconhecimento internacional.

Não cito nomes, para não cometer a injustiça do esquecimento imerecido. Mas, certamente cada um dos presentes seria capaz de lembrar, de improviso, dez a vinte deles, dos bons, consagrados pelo tempo e pela história do jornalismo gaúcho!

E a cada dia, com uma freqüência gratificante para os gaúchos, surgem novos nomes, que rapidamente se incorporam à constelação de estrelas que aqui brilham.

Alguns desses nomes, porém, têm luz singular e invulgar condição de entrar em nossas vidas, atraindo-nos para a órbita, que será definitiva, em torno de sua capacidade de induzir-nos à reflexão e, ao mesmo tempo, deleitar-nos com sua arte.

Martha Medeiros é, sem qualquer favor, um desses nomes predestinados à perenidade.

Não tive ainda a satisfação de ler algum de seus livros ou de conhecer seus poemas. Talvez até como forma de defesa, por temer apegar-me à sua literatura e à sua poesia como estou apegado às suas crônicas.

Pois, de uns tempos para cá, minha leitura de jornal não é completa, não me satisfaz por inteiro, se não encontro Martha Medeiros a me dizer alguma coisa naquela edição do jornal.

Nem sempre concordo com seus pontos de vista, mas devo confessar que saboreio cada palavra que escreve com o mesmo prazer com que sempre curti os velhos e os novos mestres da arte literária.

Seu estilo alegre e bem-temperado de falar sobre assuntos que vão da crítica ao sistema e à classe política até as confidências entre mães e filhos adolescentes, cativa o leitor, cria nele o gosto pela leitura e nele produz a alegria da assimilação que faz crescer.

Martha Medeiros escreve muito bem. É uma artista jovem, de muito talento e maturidade, acessível a todas as faixas de idade, cuja presença  no cenário literário porto-alegrense e gaúcho a engrandece. Seu exemplo e sua obra estimulam os mais jovens à leitura, à reflexão e, especialmente, à criação.

Tenho absoluta convicção de que Érico Veríssimo, que dá seu honroso nome ao prêmio literário que hoje esta Casa concede a Martha Medeiros, se pudesse estar aqui presente, seria o primeiro a saudá-la e a aplaudi-la, acolhendo-a de braços abertos como sua mais nova e recente afilhada e que se tornaria, com certeza, a predileta.

Cumprimento o Ver. Nereu D’Ávila pela feliz iniciativa de propor a concessão do Prêmio Literário Érico Veríssimo a Martha Medeiros, um dos expoentes da nossa atualidade literária, sem dúvida nenhuma. E um nome sobre o qual, com certeza, ainda  há de se ouvir muito falar em todo o Brasil e, porque não, no nosso mundo.

Quero aproveitar a oportunidade, hoje, que é o Dia Nacional de Ação de Graças, para agradecer ao Senhor Nosso Deus por todos os benefícios que d’Ele temos recebido, de graça, independente de nossos méritos pessoais, tais como a vida, a saúde e a família.

De modo especial, agradecemos, também, por podermos contar com Martha Medeiros em nosso meio, sendo um bom exemplo à nossa juventude.

Ao cumprimentá-la, Martha Medeiros, pelo prêmio que agora recebes desta Casa, gostaria de sugerir-lhe que aproveite esse talento tão lindo com que Deus a agraciou para incluir em suas crônicas, sempre que possível, uma pitada de espiritualidade, que gratifique o espírito, do mesmo modo como até aqui tem gratificado o intelecto. Parabéns. Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convido a minha esposa, Sônia, para fazer a entrega, em nosso nome, de um buquê de flores à nossa homenageada, representando todo o nosso carinho.

 

(É feita a entrega das flores.)

 

Vamos proceder à entrega do Prêmio Literário Érico Veríssimo à jornalista Martha Medeiros.

Vou entregar este Prêmio como admirador do trabalho da Martha. Este Prêmio é entregue em nome de Porto Alegre, em nome da Câmara Municipal.

 

(É feita a entrega do Prêmio Literário Érico Veríssimo.)

 

A Sra. Martha Mattos de Medeiros está com a palavra.

 

A SRA. MARTHA MATTOS DE MEDEIROS: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Quem me conhece sabe que não tenho o dom de falar em público; não é por acaso que escrevo. Serei breve. Estou  muito honrada e emocionada com este prêmio, um prêmio que leva o nome do maior escritor que temos no Estado, Érico Veríssimo. Para mim, na verdade, este prêmio simboliza todos os pequenos outros prêmios que venho recebendo, diariamente, através do meu computador. São mensagens que recebo de pessoas que eu nunca vi,  com as quais nunca falei e que me dizem: “Martha, tu és como se fosse parte de nossa família; Martha, tu consegues ler os nossos pensamentos ou consegues expressar coisas que eu não consigo.” Cada mensagem dessas faz com que eu reconheça o milagre da comunicação. Trabalho dentro da minha casa, é um trabalho muito solitário e, através dele, consigo me relacionar com milhares de pessoas em todo o Estado, fora dele e até do exterior, graças à Internet.

Este prêmio, na verdade, vem confirmar o quanto é importante criarmos essa aliança em torno das idéias e emoções que são comuns a todos nós. Agradeço, muito especialmente, ao Presidente da Câmara, Ver. Nereu D’Ávila, que tomou a iniciativa de conceder-me a homenagem e aos demais membros  da Casa que acataram a sugestão do Presidente. Também agradeço à Dora, à Ana, à Suzana, à Maria Elisa, à Ane, à Eduarda e à Eliana, ainda não citadas, que estão aqui presentes, à minha família, antes de mais nada, e a todos que sempre me acompanharam e me deram apoio. Muito obrigada. (Palmas.)

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Esta não foi uma Sessão tão solene, o que, tenho certeza, agradou a todos, porque às vezes as solenidades podem ser um tanto pretensiosas e cansativas. Não foi o caso desta. Agradeço a todos que aqui vieram prestigiar a nossa Martha Medeiros.

Convidamos a todos para que, em pé, cantemos o Hino Rio-Grandense.

 

(É executado o Hino Rio-Grandense.)

 

 

(Encerra-se a Sessão às 20h25min.)

 

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